'Homem de Ferro' pulveriza últimas adaptações de quadrinhos

RIO - "Homem de Ferro", nova franquia cinematográfica e primeira produção financiada pela Marvel Studios, chega nesta quarta-feira aos cinemas metendo o pé na porta ( veja quais são as estréias da semana ). Ao som de "Back in black", clássico dos australianos do AC/DC, somos apresentados a Tony Stark (Robert Downey Jr.), um milionário bon vivant, cientista brilhante e dono da maior indústria armamentista do mundo. Mais tarde, ele dirá a uma platéia de jornalistas que é um absurdo imaginarem que ele poderia ser um super-herói, devido à sua extensa folha corrida.

Sem vícios, Robert Downey Jr. diz como entrou no elenco

Situação idêntica devem ter passado Downey e os produtores de "Iron man" (no original) em ocasião da idéia de o indicado ao Oscar por "Chaplin" - famoso pelo seu histórico de vício em drogas pesadas - protagonizar mais uma criação de Stan Lee no cinema. A ousadia dos produtores foi devidamente recompensada, com uma atuação divertida e energética de sua estrela. Bem dirigido e com um bom roteiro, "Homem de Ferro" pulveriza os últimos lançamentos baseados em super-heróis de histórias em quadrinhos, como "Homem-Aranha 3", "Motoqueiro Fantasma" e "Quarteto fantástico e o Surfista Prateado". E mostra que veio para ficar.

No filme que, há dez anos, tinha Quentin Tarantino como provável diretor e roteirista, Tony Stark é um playboy que vive às custas da herança deixada por seu pai. No seu caso, além do dinheiro, Tony herdou também a maior indústria de armas do mundo, a qual dirige com um antigo amigo paterno, Obadiah Stane (Jeff Bridges).

Fielmente assessorado por sua fiel escudeira. Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), Tony vive cercado por festas, mulheres e álcool. Até que, numa demonstração de uma nova arma de sua empresa no Oriente Médio, Stark sofre uma emboscada e é capturado.

Ferido com estilhaços próximos ao coração, ele é salvo por Yinsen (Shaun Toub), seu companheiro de cela. Obrigado por seus carcereiros a construir um modelo igual àquele que havia demonstrado anteriormente, Stark dá início ao seu plano de fuga, e ao que, um dia, se tornará o protótipo de um ícone.
Robert Downey Jr. no filme 'Homem de Ferro' / Divulgação

"Homem de Ferro", que teve uma de suas câmeras esmagadas por um tanque durante as filmagens, funciona muito bem, em todos os sentidos. Ao contrário de outras obras do gênero, o filme tem diálogos espertos, que entretém e fazem a trama avançar. A direção de Jon Favreau é bastante eficiente em tirar boas interpretações de seus atores, e as cenas de ação são impactantes.

A armadura do Homem de Ferro irá certamente agradar até o fã mais xiita, e o filme em si consegue escapar da armadilha de somente agradar o espectador fiel aos quadrinhos. Para isso, atualizou a trama, retirando Stark do Vietnã e colocando-o no Oriente Médio. Além disso, a computação gráfica foi utilizada de forma inteligente, sem jamais comprometer o resultado final.

Mas o melhor de tudo é, sem dúvida, a generosa porção de humor e genialidade que Downey imprimiu ao personagem. Extremamente carismático e talentoso, sua personalidade caiu como uma luva na armadura dourada e vermelha. Mesmo sendo um filme de ação, são vários os momentos em que se ri com vontade durante sua projeção. Todos eles evidentemente protagonizados por Robert.

Vaidoso como seu personagem, fica realmente difícil ver outro ator personificando o papel de "Homem de Ferro", ainda mais após seu surpreendente, apoteótico e perfeito final. Único ponto destoante do filme, a trilha sonora original de Ramin Djawadi é por vezes excessiva. Para o fã de Black Sabbath, o clássico homônimo ao filme só surge nos créditos finais. Mas, além de "Back in black", ainda tem "Institutionalized", do Suicidal Tendencies. Convenhamos: um filme com essas três músicas na trilha sonora, sobre o Homem de Ferro e com Robert Downey Jr. como protagonista não podia dar errado. E não deu. Que venha o próximo.

Fonte: O GLOBO