Filme dos irmãos Wachowski tem trama intrincada e visual que homenageia diretamente o anime da década de 60
Cores, muitas cores. É basicamente isso que você deve esperar ao entrar nas salas de cinema que exibem “Speed Racer” a partir do dia 9 de maio. A adaptação do anime da década de 60, assinada pelo irmãos Wachowski, gasta, em duas horas, todas as tintas e luzes que os diretores economizaram nos monocromáticos e sombrios filmes da trilogia “Matrix”.
Não podia ser diferente. “Speed Racer”, o filme, é fiel em espírito a “Speed Racer”, a série cult de desenhos animados. A trama é ingênua. As cores são fortes. As transições de cena homenageiam a montagem do anime. Os efeitos especiais são estilizados e evitam o fotorrealismo das superproduções. A intenção é aproximar filme e desenho, criando, para as platéias infantis de hoje, a experiência de assistir a um anime com atores de carne e osso. E o resultado, ao menos para quem conseguir embarcar na proposta, é dos mais divertidos.
Nas telonas, Speed é vivido pelo jovem Emile Hirsch (“Na Natureza Selvagem”). O garoto, criado no mundo das corridas, sofre um grande trauma ao perder seu irmão, piloto talentoso, num acidente cheio de mistério. Seu pai (John Goodman), mecânico e também apaixonado pelas disputas de carros, só consegue se recuperar da perda do filho quando percebe que o caçula compartilha da mesma paixão por esse universo.
Speed se torna corredor e é descoberto pelo poderoso empresário Royalton (Roger Allam). A proposta parece irrecusável, mas o jovem Speed acaba descobrindo um segredo sobre o submundo das corridas que coloca sua reputação e a de sua família em risco. Para se livrar de Royalton, Speed precisa disputar o mesmo rali que tirou a vida de seu irmão. No caminho, ele recebe a ajuda do misterioso Corredor X (Matthew Fox, o Jack, de “Lost”) e de sua namorada Trixie (Cristina Ricci, que tem olhos de personagem de anime).
E esse pedaço do enredo é só a ponta do iceberg. A trama, confusa para um filme infantil, ainda faz uma defesa da importância da família (não muito diferente de uma produção Disney ou de Steven Spielberg) e esconde críticas às grandes corporações.
Mas as atenções dos diretores estão mesmo voltadas às corridas – alucinantes, ultra-rápidas, violentas de uma maneira cartunesca – e à relação de Speed com seus pais e amigos, surpreendentemente cheia de calor humano para um filme com efeitos especiais tão onipresentes (não à toa, os únicos cenários do filme que não parecem criados em computação gráfica são os da casa da família Racer, porto seguro de Speed).
É bem verdade que adultos nostálgicos, fãs da série, podem se sentir incomodados com o exagero visual ou com o tom assumidamente infantil da produção. Mas as crianças, público-alvo da adaptação e do desenho, não custa lembrar, provavelmente não vão querer saber de outro filme na temporada 2008 de blockbusters.
Fonte: ABRIL
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