Hoje já não é mais motivo de polêmica quando se anuncia que uma telenovela, produto cultural mais difundido entre os brasileiros, terá em sua trama personagens gays. Aliás, tem sido cada vez mais normal que os folhetins incorporem as questões homossexuais.
A próxima novela das oito da Rede Globo, escrita por João Emanuel Carneiro, não foge à recente "regra": "A Favorita", com estréia prevista para 2 de junho, vai apresentar Orlandinho, personagem vivido pelo galã Iran Malfitano que viverá o conflito de ser um homossexual que não consegue se assumir e acaba posando de hetero, sempre rodeado de mulheres bonitas - seu disfarce começa a cair quando ele se interessa realmente por Halley, de Cauã Reymond.
Orlandinho e Halley vão ocupar a mesma faixa de programação em que, hoje, Bernardinho (Thiago Mendonça) e Carlão (Gui Palhares) estão prestes a se casar - e, dizem, dar o aguardado primeiro "beijo gay de verdade" da TV brasileira -, na trama de "Duas Caras", de Aguinaldo Silva.
Sobre as cada vez mais constantes abordagens da temática homossexual nas telenovelas, gênero que sempre carregou uma boa dose de puritanismo, Mauro Alencar, doutor em teledramaturgia pela USP, explica que tudo isso tem a ver com a mudança da própria sociedade.
"Aos poucos, os tabus vão sendo derrubados. Qualquer tema de uma novela é sempre reflexo da sociedade atual", avalia Alencar. "São comportamentos que sempre existiram na sociedade. A novela tem muita aceitação entre os brasileiros e sempre tirou sua matéria-prima da realidade, o que contribui para uma maior tolerância das questões sociais no Brasil".
O homossexual representado na teledramaturgia atual é bem diferente dos primeiros casos levados à TV - o primeiro foi Rodolfo Augusto (Ary Fontoura) em "Assim na Terra como no Céu", de Dias Gomes, em 1970. "Hoje, eles são menos estereotipados", afirma Mauro Alencar.
Fonte: O TEMPO
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