O promotor Francisco Cembranelli, que denunciou formalmente à Justiça o pai e a madrasta de Isabella, Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, como acusados pela morte da menina, afirmou nesta quinta-feira no jornal "SPTV", da rede Globo, que chegou a torcer para que o casal fosse inocente.
"Desde o início da investigação usei a palavra cautela, porque era importante que fosse tudo feito de maneira a apontar o verdadeiro ou verdadeiros culpados. Nunca houve um objetivo do Ministério Público de responsabilizar o casal. Aliás, como cidadão e como pai até torci para que a prova não indicasse que eles estivessem envolvidos, mas não foi isso que a investigação revelou", disse o promotor.
Alexandre e Anna Carolina foram presos ontem (7) após terem a prisão preventiva decretada pela Justiça. Eles se entregaram à Polícia Civil cerca de quatro horas depois --por volta das 22h30-- de receberem a informação da decisão do juiz Maurício Fossen.
Para Cembranelli, Isabella foi asfixiada pela madrasta e jogada do apartamento pelo pai. Na denúncia, entregue terça-feira (6) à Justiça, Cembranelli também responsabiliza o casal por fraude processual --por ter alterado a cena do crime.
Ele apontou como provas contra o casal laudos periciais e versões de testemunhas --durante as investigações, mais de 60 pessoas foram ouvidas.
"As perícias têm qualidade inigualável, foram muito bem conduzidas pelos peritos do IC [Instituto de Criminalística] e pudemos ter no final [da investigação] uma visão bastante precisa do que aconteceu naquela trágica noite e eu tenho que cumprir a lei", disse o promotor durante entrevista ao jornal.
Cembranelli afirmou que o apelo que o caso tomou junto ao público não foi levado em consideração para seu trabalho de elaboração da denúncia.
"Entendo o clamor em decorrência da particularidade do crime, que envolve uma criança, inocente, indefesa e o envolvimento comprovado do pai e da madrasta. As pessoas acabam movidas por uma curiosidade, saindo de casa e acompanhando essas operações [da polícia]. Peço sempre tranqüilidade à população. As pessoas devem deixar Justiça agir. Pré-julgamentos não são bem vindos. O Ministério Público quer que a lei seja cumprida de maneira constitucional. Não compactuo com essas manifestações", afirmou o promotor.
Crime
Alexandre e Anna Carolina são acusados pela morte de Isabella, que foi asfixiada e jogada do apartamento do casal --no sexto andar do edifício London (zona norte de São Paulo)-- na noite de 29 de março. O casal nega o crime e atribui o assassinato a uma terceira pessoa --assaltante ou desafeto--, que teria invadido o apartamento.
Anna Carolina foi transferida na manhã desta quinta-feira para a Penitenciária Feminina da Capital, no Carandiru (zona norte de São Paulo), onde ficará separada das outras detentas.
Já Alexandre permanece preso na carceragem do 13º DP (Casa Verde, zona norte), onde há celas para homens com curso superior completo. Ele passou a noite sozinho na cela, que tem cerca de dois metros quadrados e um colchão.
Defesa
A expectativa é de que a defesa apresente ainda hoje o pedido de habeas corpus para o casal, que passou a ser réu no processo da morte de Isabella.
De acordo com o advogado Rogério Neres de Sousa, um dos três que representam o casal, a defesa deve se reunir hoje e, com base na decisão do juiz, elaborar o pedido de liberdade.
Fonte: Folha Online
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