RIO - Laura, a personagem de Ana Paula Arósio em "Ciranda de pedra", novela das 18h que estréia amanhã, é meio maluca. Não completamente. Na verdade, Laura é uma daquelas mulheres que, por terem um comportamento fora do padrão, são vistas como desequilibradas. Doidas varridas, até. Laura é do tipo capaz de se apaixonar demais, viver em sonhos, discutir relação com o marido, ter um romance fora do casamento, se dedicar completamente à família, renunciar ao amor, chorar à beça por causa disso, se atormentar, ter ataques de pelanca, jogar vasos na parede, ser mulherzinha e fútil às vezes, ser artista, falar baixinho, ter os pés no chão, usar saltos altos e vestidos justos, ser bonita e gostosa, ser internada em um sanatório, ser verdadeira, amar loucamente, se estrepar toda e, ainda assim, seguir em frente. Laura é do tipo que acha que louco mesmo é quem não se arrisca para ser feliz. Ana Paula também acha.
lher muitas vezes era confundida com chilique, com maluquice, e tratada com sossega-leão. A coragem às vezes se confunde com a loucura - diz ela, que conversou com o GLOBO nos jardins de uma mansão, no Alto da Boa Vista, uma das locações da nova novela. Ana Paula começou a aparecer para o grande público há dez anos, quando ganhou o papel título da minissérie "Hilda Furacão". Tinha a ver. Ela já tinha colocado seu rosto bonito em alguns comerciais de produtos de beleza e em três novelas do SBT, mas nada se comparava àquilo. Na minissérie, ela era uma prostituta que fazia um padre (Rodrigo Santoro, também em início de carreira) perder as estribeiras. Não sem razão. Quando entrava em cena, Ana era como um daqueles vendavais que joga tudo pelo ar, revira carros, arranca telhados, enche as ruas de água e tragédia. Ana Paula - a pele branquinha, os olhos azuis piscina e a voz firme de quem trazia o papel decorado na ponta da língua - enchia os olhos do espectador de beleza, susto e fascínio.
- Eu ainda estava terminando meu contrato com o SBT quando me ligaram da Globo avisando que começaria a gravar no dia seguinte. Joguei duas calcinhas na bolsa e fui. Cheguei a Tiradentes de helicóptero. Não me arrependi. Na vida a gente tem que arriscar.

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