domingo, 4 de maio de 2008

Nova versão de ‘Ciranda de pedra’ estréia amanhã, na Globo, apostando na sofisticação

Para tentar resgatar um satisfatório ibope para o horário das seis, ausente desde Alma gêmea, exibida em 2005, a Globo deixou de lado as cidades fictícias e interioranas das tramas anteriores. Com a estréia de Ciranda de pedra, amanhã, a emissora pretende retratar com fidelidade a efervescência da capital paulista em 1958, quando São Paulo já era considerada a 10º maior metrópole do planeta. Adaptada da obra homônima de Lygia Fagundes Telles, a história focaliza um triângulo amoroso entre o aristocrático Natércio, sua mulher Laura e o médico Daniel, vividos respectivamente por Daniel Dantas, Ana Paula Arósio e Marcello Antony. Com ênfase nas famílias quatrocentonas paulistas e no ufanismo gerado por JK com o slogan “50 anos em 5”, a história homenageia movimentos como a carioca Bossa Nova e o Cinema Novo. “Esse projeto é um biscoito fino com melzinho”, valoriza Alcides.
Toda a sofisticação da época é retratada em dois bairros da capital de São Paulo: o centro da cidade e a Vila Mariana, parcialmente reproduzidos numa espécie de cidade cenográfica “dois em um”, no Projac. No entanto, o Jardim Europa, bairro tradicional da sociedade paulistana, é o cenário de locações dos protagonistas Natércio e Laura. De família poderosa e tradicional, Natércio é sócio de Cícero Cassini, de Osmar Prado, e se torna vilão pelo amor obsessivo que sente pela mulher, vítima de distúrbios emocionais. O médico de Laura, o neurologista Daniel, se apaixona pela paciente e a engravida. Mas a menina, Virgínia (Tammy Di Calafiori), é criada como filha legítima de Natércio. Suas irmãs Bruna (Anna Sophia Folch) e Otávia (Ariela Massotti) sentem ciúmes da caçula, mas não desconfiam que a protegida de Laura é bastarda.
Nesse bairro de classe média se desenrolam as ações mais engraçadas da história, repleta de ingredientes comuns ao horário. O núcleo cômico é centralizado na coquete Elzinha, de Leandra Leal, uma alpinista social que imita os trejeitos e o visual de Marilyn Monroe para fisgar um marido rico. Sua irmã Margarida, de Cléo Pires, é seu oposto: uma tímida e recatada professora primária que namora com Eduardo, de Bruno Gagliasso. “Elzinha se acha o último biscoito do pacote e tem uma filhinha pequena que é criada como sua irmã caçula”, entrega Leandra.
Em meio às referências de estrelas do cinema da época e ao crescimento da alta-costura, a cenografia de May Martins, a produção de arte de Ana Maria de Magalhães e o figurino de Gogóia Sampaio investiram em detalhes minuciosos da época. Para se ter a dimensão que São Paulo já era uma grande capital, os prédios da cidade cenográfica, com referências aos estilos art déco e modernista, foram erguidos com pé-direito duplo. A produção também utiliza um enorme painel de 12 metros de altura por 28 metros de largura para a inserção de imagens em chroma key. Nele são sobrepostas cenas captadas e produzidas em um cruzamento em São Paulo para dar idéia da agitação da cidade na época. “Trabalhamos pela primeira vez com carros e figuração virtual para dar a grandiosidade que já existia em São Paulo em 1958”, explica a diretora Denise Saraceni. “Apesar de termos antecipado a trama em um mês, glamour e sofisticação não vão faltar”, promete Alcides Nogueira.
‘Remake’ - A adaptação de Ciranda de pedra se difere de algumas características de um remake da trama, que foi exibida pela primeira vez na Globo em 1981. Na linha de frente do elenco estavam nomes como Lucélia Santos (Virgínia), Eva Wilma (Laura), Adriano Reys (Dr. Prado, o Natércio da novela atual), Armando Bógus (Daniel) e Norma Blum (Frau Herta).
A primeira versão de Teixeira Filho se passava em 1947, ano que o autor Alcides Nogueira preferiu não explorar. Afinal, como em 2008 comemora-se os 50 anos da Bossa Nova, Alcides, através de citações de alguns personagens, vai homenagear o movimento musical.

Nenhum comentário:

AVISO

Blog melhor visualizado em: 1024x768

ENCONTRE O QUE PROCURA NO BLOG!